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dor de cabeça pode ser causada por analgésicos demais

Cefaleia por Analgésicos

O título é esse mesmo e você não leu errado: uma dor de cabeça causada por uso de analgésicos. O nome formal é “Cefaleia por uso excessivo de medicamentos”, um tipo de dor de cabeça que pode evoluir a partir de enxaqueca episódica ou da cefaleia tensional. Embora pouco conhecida pela população, esse tipo de cefaleia é relativamente comum e uma importante causa de limitação em casa e no trabalho e perda de qualidade de vida. Por isso é essencial saber sobre ela e evitar a transformação de crises esporádicas em crises diárias e incapacitantes de dor de cabeça.

Antes de continuar, vamos as definições básicas, caso você ainda não saiba:

  • Cefaleia: é um nome técnico para “dor de cabeça”; tem vários tipos e causas;
  • Enxaqueca ou migrânea: um tipo de cefaleia (dor de cabeça) muito comum – falamos mais sobre ela em outro artigo: leia tudo sobre a enxaqueca;
  • Cefaleia tensional: o tipo mais comum de dor de cabeça (saiba tudo sobre cefaleia tensional);
  • Cefaleia por uso excessivo de medicamentos: um outro tipo de dor de cabeça, sobre o qual falarei neste artigo;

Além disso, a cefaleia por uso excessivo de medicamentos é conhecida por vários nomes, que estão em desuso mas representam a mesma doença:

  • Cefaleia de rebote de analgésicos
  • Cefaleia induzida por medicamentos
  • Enxaqueca transformada
  • Cefaleia por abuso de analgésicos

O que é a cefaleia por uso excessivo de medicamentos?

A cefaleia por uso excessivo de medicamentos é um tipo de dor de cabeça que surge como complicação do tratamento inadequado de outros tipos de dores de cabeça, principalmente enxaqueca e cefaleia tensional. É um tipo de cefaleia crônica diária, que é a nomenclatura para as dores que se apresentam por mais de 15 dias por mês.

A cefaleia por uso excessivo de medicamentos é um ciclo vicioso. Analgésicos levam a dor
A cefaleia por uso excessivo de medicamentos é um ciclo vicioso que precisa ser interrompido

Geralmente uma pessoa com enxaqueca, por exemplo, tem dores de cabeça apenas esporadicamente, talvez uns 3-4 dias por mês. Porém, se em algum momento passa a fazer uso regular e em excesso de medicamentos comuns para controle das dores, o efeito pode ser contrário e levar a cronificação daquela cefaleia, ou seja, a frequência das dores aumenta muito, tornando a pessoa dependente de doses cada vez mais frequentes de medicamentos que, por sua vez, pioram a dor, em um ciclo vicioso que só tem solução se houver uma intervenção com tratamento correto.

Quais remédios podem causar essa dor de cabeça?

Basicamente todos os remédios usados para tratar as dores de cabeça nas crises podem causar cefaleia por uso excessivo de medicamentos se tomados com muita frequência. No entanto alguns são piores do que os outros. Em ordem do maior risco para o menor, os principais são:

  • Combinações de medicamentos, como AAS + paracetamol + cafeína, por exemplo
  • Paracetamol
  • Opioides, como morfina, tramadol (tramal) e codeína
  • Acido Acetilsalissílico (AAS, aspirina)
  • Triptanos, como sumatriptano, naratriptano, etc
  • Derivados da ergotamina
  • Outros anti-inflamatórios, como diclofenaco, nimesulida, cetoprofeno, etc

Mas atenção: isso não quer dizer que se tomar essas medicamentos automaticamente vai desenvolver essa complicação. Eles podem até ajudar na dor mas não podem ser usados em excesso. Em geral, recomenda-se uso de medicamentos para abortar a cefaleia no máximo 2 vezes por semana. Se você precisa com mais frequência que isso, é sinal de que deve consultar um neurologista. Além disso, um médico pode orientar qual a melhor medicação sintomática caso a caso.

Analgésicos podem ser usados apenas esporadicamente. Precisar de remédio para dor mais que 2 vezes por semana é sinal de que deve consultar um neurologista.

Quem pode ser afetado pela cefaleia por uso excessivo de medicamentos?

Sabe-se que essa forma de dor de cabeça acomete até metade dos doentes de cefaleia que procuram atendimento especializado. A dor evolui a partir de um outro tipo de dor de cabeça que antes era mais benigno, esporádico e menos intenso e “se transforma” pelo uso dos analgésicos, passando a ser crônica e até diária. Os mais susceptíveis são as pessoas que tem enxaqueca e cefaleia tensional e por isso é tão importante que façam acompanhamento e tratamento orientados, mas quem tem outros tipos de dores de cabeça também podem complicar com o uso excessivo de analgésicos.

Outros fatores de risco para cefaleia por uso excessivo de medicamentos são:

  • Ser mulher: como na maioria das dores da cabeça, as mulheres são mais acometidas
  • Ter ansiedade e/ou depressão
  • Enxaquecosos com alodínea (hipersensibilidade da pele que causa dor), dor intensa e frequente
  • Tabagistas

Como evitar a cefaleia por analgésicos?

Parece óbvio mas não é tão fácil de fazer: para evitar a cefaleia por uso excessivo de medicamentos é importante evitar o uso por conta própria de medicamentos para as crises de dor. É importante esclarecer que não há proibição em usar sintomáticos quando tiver crises de dor, mas algumas regras básicas devem ser seguidas para melhor eficácia e menor chance de complicações.

Primeiramente, é sempre adequado ter orientação médica para saber qual analgésico é mais eficaz em cada caso. Não existe uma regra geral para todo mundo. No entanto, alguns princípios ajudam:

  1. Opioides, como codeína, tramadol (tramal) e morfina, são bons analgésicos mas não para dor de cabeça! É um erro muito comum achar que se a dor é forte, merece um analgésico forte como o tramal, mas esses medicamentos não são indicados para o tratamento das cefaleias primárias, aquelas que não estão relacionadas a nenhuma lesão cerebral. Além de não serem eficazes, tem muitos efeitos colaterais, causam dependência e cefaleia por uso excessivo de medicamentos.
  2. Medicamentos combinados, tipo aqueles que se encontra nas prateleiras das farmácias, que possuem vários princípios ativos juntos, não são indicados na maior parte dos casos. Eles também são os que mais causam cefaleia por uso excessivo de medicamentos.
  3. Nem toda dor de cabeça precisa de remédio. Nas dores mais leves, procurar um lugar silencioso e escuro pode ser eficaz e evita o uso desnecessário de medicamentos.
  4. Evite tomar medicamento por medo da dor. Algumas pessoas acabam tomando remédio antes mesmo de apresentar dor porque tem medo que ela seja muito forte. Isso aumenta muito o uso desnecessário de analgésicos.
  5. Mantenha hábitos saudáveis, como sono, atividade física e alimentação regulares. É comprovado que esses hábitos corretos previnem as crises de dor.
  6. Procure ajuda médica. Se a sua dor é frequente ou muito intensa a ponto de atrapalhar o dia a dia, você precisa de acompanhamento especializado. O tratamento correto evita o abuso de medicamentos.

Como é o tratamento da cefaleia por uso excessivo de medicamentos?

O tratamento da cefaleia por uso excessivo de medicamentos deve ser sempre orientado por um médico e acompanhado de perto para evitar recaídas. A base do tratamento é parar o uso excessivo e para isso algumas medidas são utilizadas.

Compreender que os analgésicos em excesso são prejudiciais e parar de usá-los é o passo fundamental para melhora da dor de cabeça.

Como melhor explicado em outros artigos, medicações preventivas podem ser prescritas para serem tomadas todos os dias e evitar as crises de dor. Essas medicações ajustam a forma como o cérebro entende a dor e não tem o risco de causar dependência ou rebote. Elas atuam diminuindo a frequência e intensidade da dor e melhorando a resposta aos analgésicos quando necessário.

Mais essencial ainda que os medicamentos preventivos é a compreensão pelo paciente de que os remédios sintomáticos são prejudiciais. A partir dessa compreensão, muda-se o hábito de recorrer primeiro aos analgésicos. Medidas não farmacológicas também auxiliam nessa abordagem, como técnicas de relaxamento.

O período de desmame pode ser difícil e a dor pode até piorar nos primeiros dias. Alguns pacientes podem sentir sintomas de abstinência, como enjôos, irritabilidade, desatenção, etc. Esses sintomas são transitórios e o médico pode ajudar a manejá-los. Após o tratamento correto, a maioria dos pacientes apresentam melhora significativa. Mesmo assim, o acompanhamento tem quer ser contínuo para evitar recaídas.

Se você sofre por dores de cabeça, procure o neurologista de sua confiança para começar o tratamento.

Veja também quais os sinais de alarme que indicam que a dor de cabeça precisa de avaliação médica.

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