O risco de tromboses com o uso de anticoncepcionais orais é bem conhecido por médicos e pela população geral. Esse risco inclui a trombose venosa cerebral e o AVC isquêmico, mas não é igual para todos os tipos de anticoncepcionais e nem para todas as mulheres.
Nesse artigo, vamos discutir qual tipo de anticoncepcional por levar a trombose cerebral e AVC, como saber se existe risco aumentado com o uso das pílulas, quem não deve tomar contraceptivo oral e quando se preocupar.
O que é trombose?
Já discutimos o que é a trombose venosa cerebral e outros assuntos relacionados em outro artigo. Em resumo, a trombose venosa cerebral é a formação de coágulos nas veias que drenam o sangue do cérebro, impedindo a passagem de sangue.
O AVC isquêmico, por outro lado, é a obstrução de artérias – os vasos que levam o sangue para o cérebro – por coágulos vindos de outro lugar ou formados lá mesmo. Você também pode ler sobre AVC aqui.
As pílulas anticoncepcionais aumentam principalmente o risco da trombose venosa cerebral, mas também pode levar ao AVC isquêmico.
Tipos de anticoncepcionais e a relação com a trombose cerebral
As pílulas anticoncepcionais são o método contraceptivo mais usado por mulheres no Brasil e no mundo, podendo chegar a cerca de 20% de todas as mulheres em idade fértil e metade das que utilizam algum método contraceptivo.
Mas as pílulas não são todas iguais. Elas podem ter diferentes tipos e quantidades de hormônios.
Existem os anticoncepcionais orais combinados, que são os mais utilizados e tem dois tipos de hormônios, o estrogênio e a progesterona. E existem as pílulas apenas com progesterona, conhecidas como minipílula.
Quais anticoncepcionais causam trombose cerebral?
No caso da trombose, o grande vilão é o estrogênio. Por isso, os anticoncepcionais combinados são mais associados à trombose comparados com os que têm só progesterona.
As pílulas mais antigas continham maiores dosagens de estrogênio e carregavam maior risco de complicações. Nas novas gerações, as dosagens foram reduzidas, diminuindo mas não eliminando o risco de trombose, principalmente nas mulheres que têm alguma condição associada.
São exemplos de anticoncepcionais que podem causar trombose:
- Ciclo 21
- Selene
- Diane
- Allestra
- Belara
- Yaz
- Microvilar
- Yasmin
Risco de trombose venosa cerebral com anticoncepcionais
Um importante estudo mostrou que o risco de trombose venosa cerebral em mulheres que tomam anticoncepcional oral combinado é sete vezes maior que em mulheres em idade reprodutiva que não tomam o medicamento. Mas, em geral, o risco é baixo em quem não tem outros motivos para trombose.
Já nos casos de trombose cerebral já diagnosticada, o uso de pílula anticoncepcional é o fator mais comumente encontrado. Em muitos casos, no entanto, encontramos mais de uma causa.
Isso acontece porque as tromboses geralmente são resultado de vários fatores que, juntos, levam a formação de trombos.
Assim, o uso de anticoncepcionais pode se tornar preocupante em situações específicas quando existem outros fatores associados.
Os principais fatores a serem consideramos para evitar o uso de anticoncepcionais orais combinados pelo risco de trombose são:
- idade maior que 35 anos e tabagismo de mais de 15 cigarros por dia
- história de trombose venosa anteriormente
- trombofilias: doenças que aumentam o risco de tromboses
- história de AVC ou infarto
- hipertensão e diabetes
- câncer de mama
- enxaqueca com aura
- doença inflamatória intestinal com risco de trombose
Mulheres com mais de 35 anos que fumam e mulheres com enxaqueca com aura devem evitar o uso de anticoncepcionais orais combinados.
A cada condição que se soma, o risco se multiplica. Por exemplo, em mulheres com predisposição genética para trombose venosa, o risco é 2,2 vezes maior quando usam pílula combinada.
Em geral, para quem já teve trombose venosa cerebral, não é recomendado o uso de anticoncepcional oral, devendo preferir outros métodos contraceptivos.
Importante: o risco de trombose venosa em mulheres saudáveis e sem condições associadas é muito baixo!
Risco de AVC por anticoncepcional
O risco de AVC isquêmico pelo uso de pílulas anticoncepcionais existe, mas é bem mais baixo do que o risco de trombose venosa cerebral. Da mesma forma, o risco aumenta quando existem condições associadas, como tabagismo, hipertensão e enxaqueca com aura.
Conclusão
O uso de anticoncepcionais orais combinados aumento o risco de trombose venosa cerebral principalmente em mulheres que já tem outro motivo para trombose. Na população geral, o risco é baixo. Lembre-se que a orientação médica na hora de escolher o método contraceptivo é fundamental.
Diagnósticos e Tratamentos devem ser individualizados.
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