Apneia do sono é um distúrbio respiratório em que há parada momentânea da respiração durante o sono, o que leva a despertares frequentes durante a noite e prejudica a qualidade do sono.
A consequência mais óbvia da apneia do sono é sonolência e cansaço durante o dia.
Mas a apneia do sono pode ter consequências muito mais sérias, como aumentar o risco de diabetes, dificultar o controle da obesidade, causar arritmias, aumentar o risco de AVC e de infarto.
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Essa é uma doença de importância para todos. Como veremos, seus sintomas prejudicam a qualidade de vida e aumentam o risco de doenças mais graves.
Tipos de apneia do sono
A parada de respiração durante o sono, chamada de apneia, pode acontecer principalmente por dois tipos: apneia obstrutiva do sono (SAOS) e apneia central.
Apneia obstrutiva do sono
Na apneia obstrutiva, a parada da respiração acontece por obstrução da passagem de ar pelas vias aéreas, causada pelo relaxamento da musculatura respiratória e por características da anatomia de cada pessoa.
Com a obstrução, há queda da saturação de oxigênio e aumento de CO2 no sangue. Essas alterações levam ao despertar e a uma resposta automática do corpo que leva a descarga de adrenalina, com aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e risco de arritmias. A pessoa volta a respirar e, ao voltar a dormir, pode ter novas apneias, até centenas de vezes durante uma noite.
É a forma mais comum de apneia. Estudos mostram que acomete cerca de 25% dos homens e 10% das mulheres, mas a maior parte não tem diagnóstico! Além disso, sua frequência vem crescendo nos últimos anos.
É principalmente sobre esse tipo de apneia que falaremos neste artigo.
Apneia central
A apneia central é a parada da respiração por falta de comando para respirar. Nesse caso, ao dormir, o sistema de controle da respiração falha em regular os movimentos respiratórios.
Apneia mista
A apneia mista combina os dois tipos, central e obstrutiva.
Causas da apneia do sono
A apneia ocorre devido ao estreitamento das vias aéreas durante o sono. Conforme o sono se aprofunda, os músculos da língua e da garganta relaxam, as paredes da faringe se aproximam muito e há a diminuição ou até obstrução total do espaço disponível para a passagem do ar.
Alguns fatores de risco podem aumentar a chance de apneia, como:
- obesidade – o excesso de tecido na garganta dificulta manter a passagem de ar aberta
- sexo masculino: homens tem 2 a 3 vezes mais chance de apneia obstrutiva do que mulheres
- idade – quando mais velho, maior a chance de apneia
- aumento das amígdalas e adenoides
- outras características da pessoa como pescoço largo, maxilar curto e pequeno diâmetro da faringe
- uso de álcool e tabaco
- alguns medicamentos para dormir
Quais os sintomas da apneia do sono?
Os principais sintomas são o ronco e a sonolência durante o dia.
O ronco é o ruído causado pelo estreitamento da passagem de ar. Em alguns casos, o companheiro(a) do paciente pode perceber os roncos seguidos de parada da respiração, que depois retorna muitas vezes como se fosse um engasgo.
A sonolência é consequência do sono superficial e dos vários despertares que acontecem devido a apneia. Pacientes com sonolência excessiva durante o dia podem dormir em qualquer situação, desde ao assistir um filme ou ler um livro até durante a direção.
Também podem se queixar de fadiga, cansaço, falta de energia, entre outros.
Outros sintomas são:
- dor de cabeça ao acordar
- insônia – pacientes podem reclamar de acordar durante a noite e não conseguir voltar a dormir
- acordar com sensação de sufocamento, ofegante;
- dificuldades de concentração e de memória
- irritabilidade
- disfunção sexual
Risco de AVC
Além dos sintomas percebidos no dia a dia, a síndrome da apneia obstrutiva do sono é um importante fator de risco para AVC e outras doenças.
Alguns estudos mostram que homens com apneia têm mais que o dobro do risco de ter AVC, independentemente de outras doenças que possam ter.
Por esse motivo, a Sociedade Americana do Coração recomenda o rastreio da apneia para prevenir AVC.
Como a apneia pode causar AVC?
Durante os episódios de apneia, a falta de oxigênio no sangue causa inflamação sistêmica. Essa inflamação leva a danos na superfície interna dos vasos sanguíneos, chamada de endotélio.
O endotélio danificado aumenta a chance de plaquetas se juntarem formando trombos, aumentando ainda mais os danos nos vasos. A repetição desse processo causa AVC e outras doenças cardiovasculares.
Além disso, os vários episódios de apneia durante a noite provocam desequilíbrio no sistema nervoso autônomo, que controla de maneira automática funções essenciais do nosso organismo, como a regulação da frequência cardíaca e da pressão arterial.
Nessa situação, o organismo fica “super-ativado”, produz adrenalina e outras substâncias semelhantes, como se preparasse para uma luta. A consequência é hipertensão, arritmias e danos ao coração.
A apneia também provoca descontrole no ciclo sono-vigília, dificultando o controle da obesidade, da hipertensão e do diabetes.
Como sabemos, obesidade, diabetes, hipertensão e arritmias também são fatores de risco para AVC. Assim, a apneia do sono aumenta a chance de ter AVC por vários caminhos diferentes.
Apneia aumenta o risco de AVC.
Quanto mais grave a apneia, maior o risco e a gravidade do AVC.
A boa notícia é que o tratamento com CPAP, como veremos abaixo, reduz esse risco!
Apneia após AVC
Além de ser um fator de risco para AVC, a apneia pode ser consequência do infarto cerebral.
Estima-se que até metade dos pacientes que tiveram AVC apresentam apneia do sono. Um terço dos paciente mantém apneia cronicamente.
Por isso, também é recomendada sua investigação após um acidente vascular cerebral. O tratamento adequado melhora a recuperação e reduz o risco de novos AVCs.
Como detectar a apneia do sono?
Todo paciente com sonolência excessiva diurna, roncos e engasgos durante o sono é suspeito para ter apneia obstrutiva do sono e deve ser investigado. Pacientes com dor de cabeça pela manhã, ao acordar, também devem ser considerados.
Após uma história clínica detalhada, que avalie as características do sono do paciente, doenças associadas e medicações em uso, é necessário complementar com um exame do sono.
A polissonografia é o exame que detecta a apneia do sono. É um exame que pode ser feito no laboratório ou em casa, em que são colocados diversos sensores que avaliam as fases do sono, a saturação de oxigênio, o fluxo de ar para as vias aéreas, os movimentos dos olhos e músculos e da respiração.
Após esse exame, o diagnóstico é confirmado quando ocorrem pelo 5 episódios de apneia ou hipopneia (redução parcial da oxigenação) a cara hora de sono. Chamamos esse índice de IAH – se o IAH é maior que 5 e o paciente tem sintomas compatíveis, damos o diagnóstico de apneia do sono.
Alguns pacientes têm um índice muito alto. Quando é acima de 30 eventos por hora, chamados de apneia grave.
Tratamento da Apneia Obstrutiva do Sono
O objetivo do tratamento é reduzir os sintomas e as consequências da apneia do sono, com melhora da qualidade de vida. A abordagem deve ser multidisciplinar, ou seja, envolver diversas áreas da saúde.
O tratamento da apneia obstrutiva do sono envolve:
- perda de peso
- higiene do sono
- dormir de lado e com cabeceira elevada
- controle dos fatores de risco, como parar de fumar e beber
- ajuste de medicamentos, evitando certos sedativos
- uso de pressão positiva nas vias aéreas, o CPAP
- aparelhos intraorais, para casos leves
- cirurgias
CPAP para apneia do sono
CPAP é a sigla em inglês para “pressão positiva contínua nas vias aéreas”.
Esse tratamento consiste no uso de uma máscara que cobre o nariz ou o nariz e a boca e mantém uma pressão contínua de ar durante todo o tempo. Essa pressão impede que a via aérea se feche.
À primeira vista pode parecer desconfortável e impossível de dormir com a máscara, mas o que observamos é que após iniciar o uso, os pacientes ficam satisfeitos pelo seu efeito durante o dia. É uma forma muito eficaz de controlar a apneia e melhorar a qualidade de vida do paciente.
O uso de CPAP em pacientes com apneia obstrutiva do sono:
- aumenta a sobrevida
- melhora o humor
- ajuda na função cognitiva
- reduz o risco de acidentes de trânsito
- ajuda no controle da hipertensão arterial
- pode melhorar o controle do diabetes
Cirurgias para apneia do sono
As cirurgias geralmente são reservadas para casos em que não tivemos resposta satisfatória com o uso de CPAP ou quando não foi possível adaptação ao seu uso.
Pode ser realizada em casos específicos, em que existem alterações anatômicas que podem ser alvo da cirurgia, como por exemplo, amígdalas ou adenoides muito grandes
Fontes:
UpToDate
British Medical Journal – Best Practices
Lancet Neurology
Sleep Medicine Disorders
Sou uma pessoa com apeneia, uso a mascara boca e nariz.Mas continuo com muito sono diurno,e muito cansada muito dores de cabeça e barulho um zunbido nos ouvidos ando a ser assitida pela pneumologista