Convulsões e epilepsia são termos presentes na nossa vida e muitas vezes carregados de estigmas por que as pessoas não compreendem o que são e o que significam.
A epilepsia afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Conhecer melhor essa doença permite também tratar adequadamente com remédios eficazes que ajudam a viver sem crises.
Então vamos entender melhor o que são convulsões e o que é epilepsia.
Definições
O que é convulsão?
Convulsão é o termo que usamos para descrever a atividade motora que acontece na epilepsia e em outras situações.
Geralmente são movimentos intensos e que parecem violentos, em que a pessoa pode ter rigidez do corpo e movimentos involuntários dos braços e pernas, às vezes percebidos como tremores por quem assiste. Também podem ter salivação excessiva, olhos arregalados e liberação esfincteriana (urinar na roupa, involuntariamente).
Podem ter duração de segundos a poucos minutos, mas o paciente pode ficar sonolento e confuso por um período maior.
O que é epilepsia?
Epilepsia é uma doença em que acontecem repetidos episódios de alterações na atividade elétrica cerebral e que causa crises epilépticas.
Essas crises epilépticas podem ser convulsões ou de outros tipos, como crises de ausência, alterações da consciência, movimentos involuntários anormais e repetitivos em parte do corpo, entre outras.
Diferença entre convulsão e epilepsia
A epilepsia é uma doença que pode causar convulsões, enquanto a convulsão pode ser considerada como o sintoma da epilepsia mas também pode acontecer em outras condições.
Ou seja, nem toda convulsão é epilepsia e nem toda epilepsia tem convulsões – as crises podem ser de vários tipos diferentes.
A epilepsia é uma doença e a convulsão é um sintoma.
Causas de convulsão
Como vimos, as convulsões podem ser sintomas de várias doenças e podem ou não ser epilépticas. Algumas causas de convulsões são:
- Febre alta em crianças (convulsão febril)
- Hipoglicemia
- Tumores cerebrais
- Trombose Venosa Cerebral
- AVC
- AVC Hemorrágico
- Hemorragia Subaracnoide
- Meningite
- Traumas cranianos
- Intoxicações por medicamentos, drogas ou produtos tóxicos
- Abstinência de álcool
- Infecções sistêmicas
- Distúrbios dos eletrólitos como sódio e cálcio
- Psicogênico
Apresentar uma única convulsão na vida não quer dizer que a pessoa é epiléptica. Para dar esse diagnóstico, em geral, é necessário que tenham acontecido pelos duas crises não provocadas, ou seja, duas crises em que não haviam outras causas para justificá-las, como as listadas acima.
Causas de epilepsia
A epilepsia é causada por condições crônicas que afetam o funcionamento normal das conexões elétricas do cérebro. Isso pode acontecer por causas que surgem durante a vida ou por causas hereditárias. Em até 70% dos casos, não conseguimos encontrar o motivo da epilepsia.
De acordo, com a Liga Internacional Contra a Epilepsia (ILAE), as causas da epilepsia podem ser divididas em seis tipos:
- Genéticas: principalmente durante a infância, algumas epilepsias podem ser causa genética; exemplos são a epilepsia de ausência juvenil e epilepsia mioclônica juvenil;
- Estruturais: qualquer lesão do córtex cerebral pode causar epilepsia, como traumas, isquemias, hemorragias, tumores e malformações; problemas durante o parto também podem causar epilepsia; outra causa é a esclerose do hipocampo, que causa a esclerose mesial temporal;
- Metabólicas: muitos distúrbios podem afetar o funcionamento do metabolismo e causar crises;
- Imunes: inflamações que afetem o sistema nervoso central e causam encefalites (inflamação do encéfalo) podem causar crises;
- Infecciosas: muitas infecções crônicas, como neurocisticercose, tuberculose e HIV, ou infecções prévias, como encefalites infecciosas, podem levar a epilepsia;
- Desconhecidas
Classificação das Epilepsias
Já sabemos que a epilepsia é resultado da alteração na atividade elétrica cerebral. Com base nisso, as epilepsias são classificadas como focais ou generalizadas de acordo com o local de início da alteração.
Epilepsia focal
Chamamos de epilepsia focal ou parcial quando o início da atividade epileptiforme acontece em uma área limitada do cérebro, em apenas um dos hemisférios e não em todo ele ao mesmo tempo.
Epilepsia generalizada
Na epilepsia generalizada, a atividade epileptiforme é identificada nos dois hemisférios cerebrais desde o ínicio.
Sintomas da convulsão e epilepsia
Os sintomas dependem da localização da alteração no cérebro. Por isso, podem variar bastante.
Crises focais
Quanto as crises são focais, os sintomas dependem mais ainda da localização da alteração, podem ser:
- movimentos repetitivos anormais em apenas um lado do corpo (clonias, hipertonia)
- desvio do olhar ou cabeça para um dos lados
- gritos ou parada da fala
- formigamentos
- sensação de distorção de parte do corpo
- vertigem
- sintomas gustativos, olfativos e auditivos
- sintomas visuais, como luzes e flashes
- sintomas autonômicos, com desconforto no estômago, sudorese, arrepio dos pelos, e mudanças das pupilas
- dificuldade em encontrar palavras
- sintomas subjetivos, chamados de aura, como déjà vu, sensação de medo, alucinações, ilusões
- automatismos – movimentos repetitivos sem propósito
Nas crises é focais, é possível ter a crise e continuar acordado e perceber tudo pois nem sempre há alteração da consciência. Por isso, às vezes os sintomas são confundidos com de outras doenças, como enxaqueca.
Mesmo crises que se iniciam como focais podem evoluir com generalização e convulsões.
Crises generalizadas
Sintomas de crises generalizadas:
- alteração da consciência
- movimentos bilaterais dos membros
- crises de ausência: episódios súbitos de perda de consciência sem perda da força do corpo, como se a pessoa “desligasse” por segundos e logo voltasse ao normal
- mioclonias: movimentos de pequenos sustos, principalmente nos ombros
- atonia: fraqueza repentina generalizada que leva a queda
- clonias: movimentos repetitivos dos membros
Quanto a pessoa apresenta os movimentos intensos e violentos dos membros, chamamos de convulsão ou crise tônico-clônica generalizada. As suas características são:
- Desmaio ou perda da consciência
- Rigidez do corpo e contração involuntária e violenta dos membros
- Olhos arregalados
- Dentes travados
- Salivação excessiva
- Eliminação involuntária de fezes e urina
Após a crise, temos um período chamado de pós-ictal, em que a pessoa fica sonolenta e confusa por alguns minutos. Nesse momento, é comum apresentar respiração barulhenta e roncos.
É comum que depois de voltar ao normal, a pessoa também sinta dor de cabeça e dores no corpo, que são consequências das contrações intensas durante a convulsão.
Os sintomas de epilepsia são tão variáveis que quase sempre que investigamos sintomas intermitentes e recorrentes, consideramos a possibilidade do diagnóstico de epilepsia!
O que fazer em caso de convulsão?
Presenciar alguém tendo uma convulsão pode assustar mas é importante manter a calma.
A imensa maioria dos casos se resolve sozinho em segundos ou poucos minutos. Por isso, o mais importante é garantir a segurança da pessoa até que ela melhore. As dicas seguintes podem ajudar nesse momento:
- Coloque a pessoa deitada em um lugar seguro, onde não se machuca ou bata em objetos.
- Vire a pessoa de lado, para proteger as vias aéreas em caso de vômitos. Se possível, apoie a cabeça em um travesseiro.
- Retire óculos e objetos das mãos da pessoa
- Observe as características da crise e a duração. Essas informações são importantes na avaliação do neurologista.
- Caso a convulsão não pare em 5 minutos ou a pessoa volte a ter uma nova convulsão antes de recuperar-se completamente, chame uma ambulância e leve ao hospital.
Por outro lado, não coloque os dedos ou objetos na boca da pessoa e não tente segurá-la.
Se você for o paciente e perceber que terá uma crise, avise quem estiver por perto e procure um local seguro.
Tratamento da epilepsia
Muitas vezes a epilepsia não tem cura e o objetivo do tratamento é permitir uma vida sem crises e sem qualquer limitação no dia a dia.
Para isso, temos muitas opções de medicamentos que agem por diferentes vias para impedir as convulsões. A escolha de um remédio específico depende do tipo de crise, de características do paciente, como sexo e idade, das doenças associadas e dos efeitos colaterais.
Além disso, em casos muito específicos, cirurgias podem ser indicadas para tratar a redução da frequência das crises ou para tratar as suas causas.
Cuidados que quem tem epilepsia deve ter
Embora o tratamento possa levar a uma vida sem crises, alguns cuidados são importantes para evitar consequências para quem tem epilepsia e para terceiros, principalmente no início do tratamento.
Pessoas recém diagnosticadas com epilepsia e em fase de ajuste de medicamentos devem evitar dirigir veículos.
Também devem evitar entrar em piscinas e no mar, principalmente sem supervisão, trabalhar em altura ou com máquinas perigosas.
Como prevenir as convulsões?
Sabemos que existem certos gatilhos para crises em pessoas sadias e em pessoas que já tem epilepsia. Evitá-los ajuda a prevenir convulsões.
Assim, essas medidas podem diminuir a chance de convulsões:
- Evitar períodos prolongados de jejum
- Evitar privação de sono
- Evitar álcool e outras drogas
- Evitar luzes intensas e intermitentes
- Não tomar medicamentos sem orientação médica
- Tomar vacinas e cuidados gerais para prevenir infecções
- Fazer acompanhamento médico regular
estou muito anciosa para me consultar com você doutor, espero que eu possa logo, eu no momento tô com uma condição muito fraca mais tenho fé em Deus que logo irei onde você.