Aneurismas cerebrais podem crescer e romper ao longo da vida. Por isso, todo aneurisma deve ser avaliado quanto à necessidade de tratamento cirúrgico ou intervencionista.
Não existem medicamentos que possam resolver os aneurismas, mas temos várias formas de tratamento em busca da cura, que podem ser por cirurgia aberta ou de forma minimamente invasiva, por dentro dos vasos.
Esse artigo faz parte da nossa série sobre aneurismas cerebrais e nele vamos discutir as melhores formas de tratar os aneurismas cerebrais.
Todo aneurisma precisa de cirurgia?
Antes de entrar nos detalhes de cada tipo de abordagem, é importante lembrar que nem todo aneurisma precisa de tratamento cirúrgico.
Como a maioria dos aneurismas não rotos são diagnosticados por acaso, é essencial que o paciente seja avaliado por médico especialista em aneurismas cerebrais para que possam discutir os riscos e benefícios do tratamento.
A decisão de tratar ou não depende de muitos fatores, como:
- idade do paciente
- desejo do paciente
- etnia do paciente
- comorbidades
- estado geral de saúde e expectativa de vida
- localização do aneurisma
- formato e tamanho do aneurisma
- história pessoal ou familiar de hemorragia por aneurisma
- viabilidade técnica do tratamento
Seja qual for a modalidade de tratamento, ela tem seus riscos que devem ser levados em consideração. Por isso, apenas aneurismas considerados de alto risco de ruptura (ou já rotos) devem ser tratados.
Mesmo quando não há necessidade de cirurgia ou tratamento endovascular, todo paciente com aneurisma cerebral precisa controlar os fatores de risco, como parar de fumar e controlar a pressão arterial.
Acompanhamento de aneurismas não tratados
Nos casos em que é optado por tratamento conservador, ou seja, por manter observação sem cirurgia, os aneurismas devem ser acompanhados regularmente.
São indicados exames de imagem (como angiotomografia, angioressonância ou angiografia cerebral) que precisam ser realizados periodicamente para monitorar as características do aneurisma. Mudanças no seu tamanho ou forma ao longo do tempo podem indicar necessidade de tratamento.
Nesse acompanhamento, também deve ser garantido que o controle dos fatores de risco esteja adequado.
Tratamento de Aneurismas Rotos
Já o tratamento de aneurismas cerebrais que se romperam é sempre urgente.
Nessa situação, ocluir o aneurisma é fundamental para prevenir um novo sangramento e piora do quadro, mas é apenas uma parte da complexidade do caso, que envolve monitorização em UTI, prevenção e tratamento de complicações até a reabilitação, como discutimos em nosso artigo sobre hemorragia subaracnóidea.
Para fechar o aneurisma, as técnicas usadas são as mesmas que a dos aneurismas não rotos: cirurgia aberta ou embolização com molas, que veremos abaixo.
Tipos de Tratamentos dos Aneurismas Cerebrais
O objetivo do tratamentos dos aneurismas cerebrais é impedir a circulação de sangue dentro do aneurisma e, consequentemente, eliminar o risco de hemorragia cerebral, ao mesmo tempo em que mantem a circulação normal no cérebro.
Para atingir esse objetivo, o tratamento pode ser feito “por fora do aneurisma”, na cirurgia aberta, ou “por dentro do aneurisma”, no tratamento endovascular.
Ambas as modalidades são efetivas e seguras para evitar o sangramento do aneurisma e a escolha de qual é a melhor para cada paciente depende de uma avaliação cuidadosa, que leva em conta a viabilidade técnica de cada uma, as condições e preferências do paciente.
Com o rápido avanço tecnológico, o tratamento endovascular tem sido preferido para a maioria dos aneurismas, por ser menos invasivo, com menor taxa de complicações imediatas e recuperação mais rápida. Mas ainda existem situações em que a cirurgia convencional é indicada.
Cirurgia para aneurisma cerebral
A cirurgia aberta, também chamada de microcirurgia ou clipagem, é o procedimento mais antigo utilizado para tratamento dos aneurismas cerebrais, desde a década de 1930.
De maneira simplificada, consiste na abertura de um corte no couro cabeludo e na retirada de um pedaço de osso do crânio, permitindo a visualização das artérias cerebrais.
Após identificar o aneurisma, o neurocirurgião coloca um clipe de metal (como um grampo) na sua origem, para impedir que o sangue entre no aneurisma.
No final, o fragmento ósseo é recolocado e o couro cabeludo suturado.
A cirurgia é realizada sob anestesia geral. Nos primeiros dias de pós-operatório, o paciente é monitorado em UTI e gradualmente pode retornar às suas atividades.
Embolização: Tratamento Endovascular para aneurisma cerebral
A embolização é o tratamento minimamente invasivo dos aneurismas cerebrais, que é realizado por dentro dos vasos sanguíneos, por isso também chamado de tratamento endovascular.
Nessa forma de tratamento sem cirurgia, o neurorradiologista intervencionista navega com cateteres a partir de uma pequena punção na virilha ou no braço até o aneurisma dentro do crânio.
Após chegar no aneurisma, existem várias técnicas diferentes que permitem ocluí-lo. A principal delas consiste em colocar pequenas espirais de platina, também chamadas de “molas”, dentro do aneurisma. As molas impedem que o sangue entre no seu interior e impede sua ruptura.
Essa técnica pode ser complementada por outras, que incluem o uso de stents, balões, diversores de fluxo e dispositivos intra-saculares, que são escolhidos caso a caso pelo neurointervencionista.
A embolização também é realizada sob anestesia geral. O primeiro dia de pós operatório é realizado na UTI, para monitorização, e a alta hospitalar acontece geralmente em 1 a 2 dias.
- Leia mais sobre o tratamento endovascular ou embolização de aneurismas.
- Stents e Diversor de Fluxo no Tratamento de Aneurismas
Como é o acompanhamento após a cirurgia para aneurisma cerebral?
Pacientes tratados com cirurgia convencional ou por embolização precisam manter acompanhamento nos primeiros anos após os procedimentos.
Embora as técnicas mais modernas garantam uma alta taxa de sucesso em longo prazo, é preciso reavaliar o aneurisma e garantir que continua ocluído ao longo do tempo e que não se formaram novos aneurismas – quem teve um aneurisma, tem chance maior de ter outros.
Para isso, são realizados exames de imagem, como a angiorressonância, em intervalos regulares, dependendo de cada caso.
Também é essencial manter o controle rigoroso dos fatores de risco mesmo após o aneurisma ter sido eliminado.
Fonte:
Cerebral Aneurysm – Symptoms, Diagnosis and Treatments (aans.org)
Olá boa tarde ….
Sou Pedro Cunha
Sou da cidade de Santo André- Sp
Minha mãe está internada , e foi detectado um Aneurisma nela …:
Porém como ela fuma a quase um 40anos e tem DPOC CRONICA , ela aguentaria uma cirurgia ?
Olá Pedro, tudo bom? É preciso avaliar como esta o comprometimento do pulmão e a saúde de maneira geral para preparar para anestesia e cirurgia, além das características do aneurisma. De acordo com os resultados, é possível entender as melhores opções de tratamento para ela, que pode ser cirurgia, embolização ou acompanhamento.