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Como detectar aneurismas cerebrais

Diagnóstico dos Aneurismas Cerebrais: qual exame detecta o aneurisma?

Como é feito o diagnóstico dos aneurismas cerebrais e qual exame pode detectar o aneurisma? Os aneurismas cerebrais são lesões que comumente são descobertas por acaso em diversos tipos de exames de imagens. Nesse artigo, vamos discutir esse tema.

Esse artigo faz parte da nossa série sobre aneurismas cerebrais.

Os aneurismas são lesões que crescem silenciosamente e geralmente não causam sintomas até romperem. Por esse motivo, é muito comum que os aneurismas sejam detectados por acaso, por exames de imagem realizados em investigação de outros sintomas ou doenças sem relação com o aneurisma.

Os aneurismas podem ser diagnosticados em quatro situações:

  • Por acaso, durante investigação de outras doenças – o mais comum;
  • Na investigação de sintomas causados pelo aneurisma – raro;
  • Após sua ruptura e consequente hemorragia subracnoide;
  • Em exames de rastreio em populações específicas com risco de aneurisma cerebral;

Diagnóstico dos aneurismas

Aneurismas incidentais

De todas, de longe a situação que mais leva a detecção de aneurismas é a realização de imagens por outros motivos e a descoberta de um aneurisma cerebral por acaso.

Por exemplo, um médico pode solicitar uma ressonância de crânio para avaliar uma queixa de tremores e o exame mostrar um pequeno aneurisma na carótida interna. Nesse caso, o aneurisma não tem qualquer relação com a queixa mas precisa ser melhor avaliado.

Chamamos de incidentais os aneurismas que são descobertos dessa forma.

Aneurismas sintomáticos não rotos

Muito raramente, aneurismas podem causar sintomas ao comprimir estruturas próximas, como nervos. Nesse caso, chamados de aneurismas sintomáticos não rotos. 

Ao reconhecer um sintoma que pode ser devido a um aneurisma, o neurologista deve pedir exames de imagens para confirmar ou descartar a suspeita, como os listados abaixo.

Aneurismas rotos

Aneurismas que rompem podem causar sangramento grave e potencialmente fatal, como a hemorragia subaracnóidea. 

Nesses casos, o padrão de sangramento na tomografia de crânio simples já sugere que há um aneurisma que precisa ser descoberto. A identificação exata do aneurisma pode ser realizada pelos exames usados nos aneurismas não rotos.

Você pode encontrar aqui mais informações sobre as consequências dos aneurismas quando rompem.

Aneurismas em pessoas com alto risco

Em algumas situações, há indicação de realizar exames de rastreio para aneurismas, mesmo que não tenham sintomas ou que não tenha rompido.

Isso acontece geralmente quando há algum indicativo de que a pessoa tem risco aumentado de ter aneurismas, como em algumas síndromes hereditárias ou quem tem pelo menos dois familiares com aneurisma cerebral.

Qual exame detecta aneurisma cerebral?

Como o aneurisma é uma doença das artérias do cérebro, para visualizá-lo é preciso que seja um tipo de exame que estuda os vasos sanguíneos. Chamamos esse tipo de exame de angiografia, que pode ser feito por diferentes modalidades: angiografia por tomografia, angiografia por ressonância e angiografia digital por cateter.

No entanto, aneurismas muito grandes podem ser vistos já na tomografia de crânio sem contraste. Ainda assim, é necessário um exame específico para avaliar as características do aneurisma.

Angiotomografia de Crânio

Também conhecida como: angiotomografia do crânio ou encéfalo, angiotomografia arterial intracraniana, angioTC de vasos cerebrais e angiografia por tomografia

A tomografia é um exame de imagem não invasivo que usa raios X para avaliar estruturas internas do corpo.

Chamamos de angiotomografia o exame de tomografia específico para avaliar os vasos sanguíneos. Nesse exame, é realizada injeção de contraste iodado na veia que é detectado em seguida pelos raios X.

A angiotomografia de crânio tem a vantagem de ser realizada em poucos minutos e permitir a identificação de aneurismas cerebrais com satisfatório grau de precisão.

Angiotomografia evidencia aneurisma cerebral.
Exemplo de como um aneurisma (apontado pela seta) pode ser visto na angiotomografia de crânio. Do lado direito, destacamos o aneurisma para facilitar a identificação. Nesse caso, trata-se de um aneurisma do complexo comunicante anterior.

As imagens obtidas pela angioTC podem ser reconstruídas em diversos planos e em 3D, o que facilita a visualização das artérias do cérebro.

No entanto, existem algumas limitações a considerar.  Aneurismas próximos a ossos podem ser difíceis de visualizar pela semelhança entre o contraste e o osso na tomografia. 

Pacientes que têm dispositivos metálicos no crânio, como clipes de aneurisma, espirais metálicas e stents causam alterações nas imagens, conhecidos como artefatos de endurecimento de feixe, que prejudicam a avaliação na angiotomografia.

Angiorressonância Arterial de Crânio

Também conhecida como: angiografia por ressonância, angioRM de encéfalo e angioressonância dos vasos intracranianos.

Como a angiotomografia, a angiorresonância é uma técnica da ressonância magnética específica para ver os vasos. Diferente da tomografia, na ressonância não se utiliza radiação. Aqui, as imagens do corpo são obtidas por alterações magnéticas dos elétrons.

No caso da investigação de aneurisma não é necessário uso de contraste, mas geralmente o exame completo com outras sequências para estudar o parênquima do cérebro pode precisar de contraste. Nesse caso, a substância usada é o gadolíneo, que também é muito segura.

A qualidade das imagens e a capacidade de detecção de aneurismas é muito boa.

Angioressonância motra aneurismas cerebral com boa confiança.
À esquerda, um exemplo de como as artérias intracranianas são vistas em um exame de angioressonância. À direita, uma reconstrução que mostra um aneurisma (seta) na carótida interna.

A angioressonância tem capacidade de detectar com confiança aneurismas maiores que 3mm. Por isso, a tendência atual é que a angiografia por ressonância seja o método diagnóstico inicial de escolha na investigação de alguém com suspeita de aneurisma.

Por outro lado, a ressonância é um exame mais demorado e o pequeno espaço no tubo em que o paciente precisa ficar pode causar dificuldades para pacientes claustrofóbicos.

Estudo de parede de vasos para aneurismas

Além de permitir a detecção dos aneurismas, técnicas modernas de ressonância permitem avaliar a parede aneurismática. Essa avaliação fornece informações adicionais para a decisão de que aneurismas tratar.

Por exemplo, a presença de realce de contraste na parede do aneurisma indica inflamação no local e pode indicar maior risco de ruptura, fortalecendo a indicação de intervenção.

Angiografia Cerebral

Também conhecida como: arteriografia cerebral, angiografia digital, angiografia cerebral de 4 vasos.

A angiografia cerebral com reconstrução 3D é o exame padrão-ouro para diagnóstico de aneurismas cerebrais, ou seja, é o melhor exame para detecção de aneurismas. É com ele que todos os demais exames são comparados.

A angiografia cerebral digital é realizada pelo médico neurorradiologista intervencionista. É feita através de uma pequena punção na artéria femoral, na região da virilha, ou na artéria radial, no pulso, tudo sob anestesia local e/ou sedação. Com ajuda de cateteres que são inseridos pelo local da punção, o intervencionista avalia as artérias de interesse e é capaz de obter imagens específicas em vários ângulos diferentes para entender toda a anatomia da doença estudada.

Angiografia digital e reconstrução 3D com aneurisma.
Angiografia cerebral mostrando um aneurisma da carótida interna e reconstrução tridimensional do mesmo aneurisma.

Por ser um exame mais complexo, geralmente é indicado após já se ter o diagnóstico do aneurisma por uma das técnicas anteriores. Nesse caso, tem a função de oferecer mais informações para ajudar na decisão de tratamento. Também pode ser indicado em caso de dúvidas do diagnóstico, como quando não foi possível diferenciar uma dilatação infundibular de um aneurisma nos exames anteriores, e no acompanhamento após tratamento por embolização ou microcirurgia.

Detecção de Aneurismas Rotos

Quando um aneurisma rompe, causa hemorragia cerebral que pode ser vista na tomografia de crânio simples. O padrão de localização do sangramento geralmente já indica que a sua causa foi um aneurisma roto. 

Nessas situações, o passo seguinte é identificar o aneurisma, o que pode ser feito pelos mesmos exames usados no caso dos aneurismas não rotos.

Mas, como geralmente os pacientes estão graves ou têm risco de piorar, priorizamos a angiotomografia, que é de execução mais rápida.

Quando há mais de um aneurisma no mesmo paciente, a localização do sangramento e as características dos aneurismas podem sugerir qual foi o culpado pelo sangramento.

No entanto, essa definição pode ser difícil. O estudo de parede de vasos por angioressonância pode ajudar a detectar qual aneurisma que rompeu.

A angiografia cerebral tem papel importante nesse contexto e tem a vantagem de que o exame já pode ser seguido do tratamento por embolização.

Qual o melhor exame para diagnosticar aneurismas cerebrais?

Como vimos, o exame padrão-ouro é a angiografia cerebral, mas ela não indicada para todos os casos. 

A escolha do exame deve levar em consideração diversos fatores, como paciente, idade, comorbidades, motivo do exame, condição clínica, entre outras.

Além disso, também é preciso lembrar que a qualidade técnica do exame pode variar. Bons laboratórios permitem exames de melhor qualidade, com maior confiabilidade.

Conclusão

Os aneurismas cerebrais podem ser diagnosticados por acaso ou quando já sem alguma suspeita da sua existência. A angiotomografia e angiorressonância são os exames iniciais mais indicados na maioria dos casos. O melhor exame, chamado de padrão-ouro, é a angiografia cerebral, que geralmente é reservada para entender melhor a anatomia do aneurisma e definir seu tratamento e para casos duvidosos. Quando um aneurisma é diagnosticado, a avaliação de um especialista em aneurisma cerebral é fundamental para avaliar riscos e indicações de tratamento.

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Publicado originalmente em 09/07/2020. Atualizado em 22/11/2022.

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