Quando a dor de cabeça é preocupante? Sinais de alarme para procurar um médico

A dor de cabeça é um sintoma muito comum e que pode ter diferentes significados. Estima-se que mais de 90% das pessoas terá pelo uma dor de cabeça ao longo da vida, mas quando a dor de cabeça é preocupante? 

A dor de cabeça pode ser uma doença por si só, quando a chamamos de cefaleia primária, ou pode ser consequência de uma grande variedade de condições, algumas muito graves. 

Enxaqueca e cefaleia tensional são as causas mais comuns de dor de cabeça e são exemplos de cefaleia primária. Geralmente não precisam de atendimento médico emergencial, embora as dores da enxaqueca possam ser muito fortes. A cefaleia em salvas, por outro lado, é uma cefaleia primária muito intensa que pode inicialmente ser confundida com condições mais graves e que, pela sua intensidade, pode levar o paciente a buscar o pronto atendimento.

Quando a dor de cabeça é decorrente de uma outra doença, chamamos de cefaleia secundária. Pode ser consequência de aneurisma cerebral roto, trombose venosa cerebral,  AVC hemorrágico, tumores intracranianos, infecções, vasculites, e muitas outras causas. 

Diferenciar qual dor de cabeça é preocupante e quando se deve procurar atendimento médico ou até mesmo o pronto socorro é muito importante. Esses casos merecem investigação cuidadosa e, em alguns casos, o tratamento é urgente.

Por isso, nesse artigo vamos tentar esclarecer esse tema.

Existem alguns indicativos que utilizamos para diferenciar as dores de cabeça mais preocupantes, dependendo dos sintomas, da intensidade e forma de aparecimento da dor, além de características do próprio paciente. São os chamados sinais de alarme, que apontam quando a cefaleia deve ser investigada com exames complementares. Vamos listá-los:

Dor súbita e muito forte

Dores de cabeça que se iniciam de forma súbita, ficando muito forte em segundos são sempre motivos de preocupação. Essas dores são chamadas de “cefaleia em trovoada” (ou “thunderclap”, em inglês) por que se parecem com um trovão na cabeça e alguns pacientes chamam de “a maior dor de cabeça da vida“.

Podem indicar a ruptura de um aneurisma intracraniano, laceração ou dissecção das artérias cerebrais, AVC hemorrágico, vasoespasmo dos vasos sanguíneos do cérebro, entre outras condições.

Esse tipo de dor de cabeça pode ser uma emergência! Por isso, é motivo de procurar atendimento médico rapidamente, especialmente se também tiver outros sintomas como confusão, sonolência, convulsões ou fraquezas no corpo.

Mas nem toda dor forte é grave. Na enxaqueca e na cefaleia em salvas, por exemplo, a dor pode ser muito intensa. Nesses casos, quando surge uma dor nova que é diferente do usual, devemos prestar atenção. A avaliação de um neurologista ajuda a reconhecer as situações mais preocupantes.

Dor de cabeça nova depois dos 50 anos de idade

Não é comum que cefaleias primárias se iniciam depois dos 50 anos de idade. Nessa faixa etária, também é maior a chance de doenças associadas que podem causar dor de cabeça, por isso toda cefaleia que começa depois dos 50 anos de idade precisa ser investigada.

Dor que piora com tosse, espirros, ao levantar ou ao deitar

Dores que mudam com a posição do corpo, como as dores que pioram ao se levantar ou a deitar indicam alteração no fluxo de líquor (o líquido que envolve o cérebro) ou presença de hipertensão intracraniana.

Dor que acorda a pessoa à noite também é um motivo de procurar um neurologista.

A piora da dor ao tossir, espirrar, se inclinar ou ao fazer esforços é outro sinal de alarme.

Cefaleia em quem tem outras doenças ou sintomas

A presença de dor de cabeça associada a sintomas como febre, dor no corpo, confusão mental, calafrios e perda de peso aponta para a necessidade de investigar causas sistêmicas para a dor, como infecções e tumores.

Pacientes que já tem o diagnóstico de câncer ou que vivem com HIV sempre devem ser investigados, pois a dor de cabeça pode ser invasão do câncer ou infecção associada ao HIV.

Cefaleia e outros sintomas neurológicos

Qualquer sintoma neurológico que se inicie com a dor de cabeça deve ser motivo de avaliação por um neurologista.

Sintomas como fraqueza ou dormência de um lado do corpo, tontura ou desequilíbrio, dificuldade de fala ou de visão podem indicar acidente vascular cerebral. Nesse caso, o tratamento deve ser realizado o mais rápido possível. 

Sintomas visuais como escurecimentos da visão, visão dupla ou até perda completa transitória da visão podem indicar hipertensão intracraniana, hidrocefalia, tumores ou arterite temporal. Presença de convulsões também indica necessidade de avaliação médica.

Dor de cabeça durante a gravidez ou no puerpério

Dores de cabeça que se iniciam ou mudam de características durante a gravidez ou nas primeiras semanas após o parto devem ser investigadas. Esse período da vida da mulher aumenta o risco de tromboses e de AVC hemorrágico por ruptura de malformação arteriovenosa cerebral.

Toda dor de cabeça frequente precisa de atenção

Não só as cefaleias secundárias devem ser investigadas e tratadas. Mesmo as dores chamadas de primárias, como a enxaqueca e a cefaleia tensional, merecem atenção.

Sabemos que viver com dor de cabeça prejudica a qualidade de vida, atrapalha a produtividade, causa irritação e pode dificultar o sono.

Por isso, quem tem dores intensas ou que acontecem por mais de 3 dias por mês deve procurar um neurologista para ser avaliado. Existem diversas formas que tratamento muito eficazes. 

Além disso, tomar remédio por conta pode piorar a dor de cabeça.

Nem toda cefaleia secundária é grave

As características que listamos acima indicam as dores de cabeça que precisam de uma investigação mais detalhada por terem mais chances de serem causadas por alguma outra doença, mas nem sempre são preocupantes ou indicam condições graves.

Existem doenças que causam dor de cabeça e podem ser tratadas sem maiores dificuldades.

Fonte:
Diagnosing Secondary and Primary Headache Disorders – Continuum Lifelong Learning in Neurology